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Pagode: o samba de quintal que virou paixão nacional
- Metropolitana Rio
Pode preparar o tantã, separar o banjo e puxar a cadeira de plástico: a roda vai começar. O pagode, esse som que embala churrascos, encontros e corações partidos há décadas, é muito mais do que um estilo musical — é uma verdadeira instituição brasileira. Mas você sabe como ele surgiu? E o que faz do pagode um gênero tão único?
A história começa no Rio de Janeiro, entre os anos 1970 e 1980, nos subúrbios da cidade. Em meio a encontros regados a samba, feijão e cerveja, sambistas começaram a experimentar novos instrumentos, novas levadas e uma linguagem mais direta, mais próxima da vida do povo. Nascia ali um jeito diferente de fazer samba — com mais swing, mais batucada e mais espaço para a resenha.
O ponto de encontro mais famoso era o Cacique de Ramos, bloco carnavalesco que virou reduto de talentos. Foi lá que se reuniram nomes como Almir Guineto, Arlindo Cruz, Bira Presidente, Ubirany, Sombrinha, Jorge Aragão e outros craques. Juntos, eles criaram uma nova batida com instrumentos que não eram comuns no samba tradicional: o banjo com corpo de tamborim, o tantã no lugar do surdo e o repique de mão, inventado ali mesmo.
E se o pagode nasceu no quintal, foi a partir do estúdio que ele ganhou o Brasil. Beth Carvalho, sempre ligada no que estava borbulhando nas rodas de samba, ouviu aquela sonoridade nova e decidiu apostar. Gravou composições de Almir, Aragão, Zeca Pagodinho — e ajudou a transformar o pagode num movimento. A partir daí, era só alegria: o Fundo de Quintal virou referência, e uma nova geração começou a surgir.
Nos anos 1990, o pagode entrou em nova fase: saiu do quintal e foi direto para os palcos, programas de TV e trilhas sonoras de novela. Grupos como Raça Negra, Só Pra Contrariar, Exaltasamba, Art Popular e Katinguelê dominaram as paradas de sucesso. Com letras românticas, refrões que grudam na cabeça e milhões de fãs, o pagode se espalhou pelo Brasil todo.
Mas, mesmo com as mudanças, uma coisa nunca mudou: a alma do pagode continua sendo o encontro. Seja com arranjos simples ou superproduzidos, em barzinho ou estádio, o que vale é a roda, a batida e a troca entre quem toca e quem canta junto. É por isso que o pagode nunca sai de moda — ele se reinventa, mas continua falando direto com o coração.
Na Rádio Metropolitana Rio FM, o pagode é parte da nossa identidade. Toca de manhã, à tarde, à noite, com clássicos, novidades e aquele clima de mesa de bar que só o pagode sabe criar. Afinal, aqui é samba no pé, sorriso no rosto e pagode no ar — todo dia, o dia todo.