DESTAQUES

Seis anos sem Beth Carvalho: o legado da madrinha do samba permanece vivo

No dia 30 de abril de 2019, o Brasil se despedia de uma de suas maiores referências na música popular: Beth Carvalho. Seis anos depois, seu legado segue presente na memória afetiva do povo brasileiro e na história do samba. Cantora, compositora e militante, Beth foi responsável por transformar o cenário musical, revelando novos talentos, resgatando mestres esquecidos e reafirmando o samba como instrumento de identidade e resistência.

Beth iniciou sua carreira na década de 1960, cantando bossa nova e música de festivais. Com o tempo, mergulhou no universo do samba carioca e firmou sua trajetória como intérprete e pesquisadora da cultura popular. O disco Pra Seu Governo, de 1973, marcou essa virada. A partir daí, Beth se aproximou de compositores da Velha Guarda e deu voz a sambas de Mauro Duarte, Nelson Cavaquinho, Cartola, Elton Medeiros, Candeia, Paulo César Pinheiro, entre outros.

Nos anos 1980, montou a banda que daria origem ao Fundo de Quintal, revelando artistas como Almir Guineto, Arlindo Cruz, Bira Presidente, Sombrinha e Ubirany. Também impulsionou nomes como Zeca Pagodinho e Jorge Aragão, consolidando sua posição como madrinha de uma nova geração do samba.

Beth foi uma das primeiras mulheres a ocupar espaço de protagonismo no samba, até então dominado por homens. Também inovou ao incorporar o banjo adaptado ao gênero, elemento que marcou a sonoridade do pagode nos anos seguintes.

Sua discografia ultrapassa 30 álbuns, com destaque para músicas como Coisinha do Pai, Vou Festejar, 1800 Colinas, As Rosas Não Falam, Saco de Feijão e Folhas Secas. Muitos desses sucessos se tornaram trilha sonora de festas populares, escolas de samba e estádios de futebol.

Além da música, Beth Carvalho também foi atuante em causas políticas. Declaradamente de esquerda, defendeu a democracia, os direitos dos trabalhadores, a cultura negra e os movimentos sociais. Suas apresentações muitas vezes misturavam arte e posicionamento político.

Beth morreu aos 72 anos, após complicações de um problema na coluna que a manteve internada por longos períodos. Mesmo com dificuldades de mobilidade, seguiu se apresentando em cadeira de rodas e gravando discos.

Seis anos após sua partida, Beth Carvalho permanece como símbolo de força, generosidade artística e compromisso com o samba. Sua influência atravessa gerações e continua a inspirar músicos, intérpretes e compositores em todo o país.